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sempre o silêncio

 sempre o silêncio o limite do som a sua essência a lembrança do chão sua presença sob pés nus e transparentes numa nascente de rio seu de rio norte de rio templo largado à sua sorte   sempre o silêncio o limite do verbo na sua ausência a memória da voz duma inocência deixada nas pedras mortas de si mas plenas das águas

como mão

estremece a luz no olhar furtivo dos dias e sempre o sempre é o nunca que o olhar do rio sempre apouca em água na mão  de uma fonte que de ponte tem o fim e escorre sobre o monte como mão que morre em mim

vão caminho

a noite nasce nos meus muitos braços  e eleva-se ao alto frio de mim  como se em si fosse ela própria o fim do vão caminho dos meus sete passos  e é nela que surge o teu louvor  o luminoso incerto o limiar  das palavras claras plenas do olhar que não tens  dá-me, terna noite, o abraço que não peço porque é nele que esqueço  que a luz perdi e que me perco   e sob abertas mãos  de mim me compadeço

um carvalho

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Um carvalho a tentar ser do sol que prepara a noite. Uma metáfora que não é mais do que uma tentativa de ultrapassar a limitação das palavras que, por muitas que sejam, não chegam para dizer carvalho, sol ou noite. estes.

essências

Questionamo-nos muitas vezes acerca de verdades, nossas e alheias, e nem sempre chegamos a conclusões. Mas, quando assumimos essas verdades na essência e as vemos claramente, acabamos por vivê-las e senti-las de forma indelével. A terra . Estes montes, que nos viram nascer, crescer e que nos receberão, crescem em nós e morrem na sua altivez no olhar cansado que muitas vezes lhes dedicamos. E a água . As nossas verdades e o ouro que ainda temos. Se as perdermos, perdemo-nos numa não-identidade que anulará a nossa essência. São elas a nossa força centrípeta.
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Voltada para um nascente distante, com o céu todo espelhado em si, esta janela tem tecidas as marcas do tempo. Fechou-se e assim se manterá, enquanto as paredes suportarem o peso dos dias e Larouco lhe conceder a sua visão. Mas tem o céu todo espelhado em si. E o meu parco olhar.

e lume

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esperamos o silêncio dos dias no fluir dos nossos passos que levamos tensos e cansados no lume brando dos tristes dos lamentos dos falhados esperamos a justiça dos dias no cair dos nossos braços que arrastamos mortos e enterrados na cinza eterna dos cisnes dos brandos dos calados mas queremos vida e lume